Ecodesporto
Porque não criar e desenvolver uma nova concepção de desporto? A esta nova concepção gostaria de dar o nome de ecodesporto. Este novo conceito tem base na concordância entre ecologia humana e o desporto.
A Ecologia, na sua forma geral, é a ciência que se ocupa do estudo das interacções dos seres vivos entre si e com o meio ambiente, ou seja ocupa-se do estudo dos ecossistemas. Quando um conjunto de células com as mesmas funções está reunido, este constitui ao que chamamos um tecido. Vários tecidos formam um órgão e um conjunto de órgãos formam um sistema. Todos os sistemas reunidos dão origem a um organismo. Quando vários organismos da mesma espécie estão reunidos numa mesma região temos uma população. Ao conjunto de várias populações num mesmo local dá-se o nome de comunidade. Tudo isto reunido e trabalhando em harmonia origina um ecossistema. A palavra ecologia tem origem na junção do grego “oikos" que significa casa, com "logia" que significa estudo, reflexão. Ernst Haeckel, um cientista alemão, foi o primeiro, em 1869, que usou este termo para designar a parte da biologia que estuda as relações entre os seres vivos e o meio ambiente em que vivem, além da distribuição e abundância dos seres vivos no planeta. No entanto, é mais relevante para esta nova concepção mencionar um outro conceito mais específico da ecologia que é a Ecologia Humana. Esta ocupa-se do estudo das relações entre o Homem e a Biosfera, principalmente do ponto de vista da manutenção da sua saúde, não só física, mas também social. Ou seja, tem como seu objecto de estudo a relação do ser humano com o seu ambiente natural.
É também importante definir o conceito de desporto. O desporto é uma actividade física sujeita a determinados regulamentos e que geralmente visa a competição entre praticantes. Para que uma actividade adquira a designação de desporto têm de estar envolvidas habilidades e capacidades motoras, regras instituídas por uma confederação regente e competitividade entre opostos. Algumas modalidades desportivas praticam-se mediante veículos ou outras máquinas que não requerem a realização de esforço, em cujo caso é mais importante a destreza e a concentração do que o exercício físico. Idealmente o desporto diverte e entretém, e constitui uma forma metódica e intensa de um jogo que tende à perfeição e à coordenação do esforço muscular tendo em vista uma melhora física e espiritual do ser humano. Também podemos definir desporto como um fenómeno sócio-cultural, que envolve a prática voluntária de actividade predominantemente física competitiva com finalidade recreativa ou profissional, ou predominantemente física não competitiva com finalidade de lazer, contribuindo para a formação, desenvolvimento e/ou aprimoramento físico, intelectual e psíquico de seus praticantes e espectadores.
Numa perspectiva antropológica, podemos fazer a seguinte observação: de constituição física bastante desvantajosa, o ser humano (Homo sapiens sapiens), por meio da cultura, adoptou, e levou às últimas consequências, a estratégia de adaptar o meio ambiente ao seu corpo. Logrou, assim, sobreviver, até agora e em todos os ambientes terrestres do planeta, sem adaptações corporais que levassem sequer à formação de outras sub-espécies ou mesmo de raças. Os elementos do meio ambiente original assim manipulados passaram então também a integrar o meio ambiente dos seres humanos e dos outros elementos sujeitos aos efeitos da manipulação. O meio ambiente humano combina, assim, tanto os elementos naturais (orgânicos e inorgânicos) quanto os culturais que dão suporte à vida humana nos diversos ambientes em que ela se desenvolve e pode ser observado em diferentes escalas espaciais: desde do quintal de uma casa até à biosfera como um todo.
O objectivo primordial seria aliar o desporto e a ecologia de modo a adaptar as nossas exigências modernas ao meio ambiente. A prática voluntária de actividade predominantemente física com finalidade recreativa ou profissional, combinado com a nossa relação com o meio ambiente e o estudo do ambiente natural onde estamos inseridos, é cada vez mais uma necessidade. Necessitamos de desenvolver desportos não poluentes, como a corrida, a natação, desportos individuais e colectivos.
É um facto que com os avanços técnicos, o desporto já conquistou outras possibilidades e lugares como a água, como a vela e o windsurf, por exemplo, e no ar com o parapente e as asas delta.
O parapente é o mais recente e inovador pela sua capacidade de deslocação. Trata-se de um aeroplano, aeronave mais pesada do que o ar, em que cuja asa (inflável e semelhante a um pára-quedas que não apresenta estrutura rígida) são suspensos por linhas, o piloto e possíveis passageiros.
A história do parapente começa em 1965 com a Velasa (Sailwin, em inglês) criada por Dave Barish que chamou de slope soaring (voo de talude) a prática do voo com esta vela. Paralelamente Domina Jalbert inventa um paraquedas cujo velame é composto por células (para gerar efeito asa). Este pára-quedas com dorso e intra-dorso, separados pelas células. Este foi o ancestral dos actuais pára-quedas, parapentes e kites (as velas do kitesurf). O parapente usa o ar para locomoção. Outra que também usa o ar para se deslocar é o kite. Existem vários tipos de kite:
Kites Infláveis
São os mais utilizados. Possuem apenas uma superfície de tecido, talas infláveis que lhes mantém o perfil aerodinâmico estável, e um inflável principal que mantém o formato em arco, tornando-os insubmersíveis e fáceis de redecolar.
· Vantagens: Têm boa capacidade de orça. São bastante estáveis e possuem muita potência para saltar e manter o tempo de voo. Permitem que sejam usados em amplas faixas de vento (modelos 4 linhas). Podem ficar longos períodos na água continuando aptos a redecolar.
· Desvantagens: As talas infláveis são frágeis, podendo furar ou estourar se não usados adequadamente.
Kites do tipo Foils
Assemelham-se a um parapente. Possuem duas camadas de tecido (superfície superior e inferior) e é dividido por várias células, que se enchem de ar (pelo vento, através de válvulas frontais) e formam seu perfil. Possuem um complexo sistema de cabresto.
· Vantagens: Têm boa tracção. Alguns modelos são montados rapidamente. Geralmente são mais resistentes a impactos, mas também podem estourar, rasgando o tecido. São facilmente redecoláveis.
· Desvantagens: Se ficam alguns minutos na água, enchem de água e dificilmente redecolam. As muitas linhas do cabresto podem se enrolar, principalmente em mãos inexperientes. Dependendo do modelo demoram muito tempo para desinflar e guardar. Se for mal regulado ou ocorrer uma pequena desregulagem no cabresto, o kite perde o perfil e o vôo fica horrível.
Kites do tipo Arch (híbridos)
São um híbrido entre os infláveis e os foils. Têm duas camadas de tecido, semelhante ao foil e não possuem infláveis. Usam o sistema de perfil de dupla superfície junto com o formato frontal em arco, eliminando a necessidade das mil linhas do cabresto.
· Vantagens: São menos frágeis. Não têm cabresto. São muito estáveis.
· Desvantagens: Se enche de água se ficar alguns minutos na água. Não é tão fácil de redecolar como os foils. Têm mais facilidade de redecolar ao contrário (lado de baixo para cima). Não têm a manobrabilidade e velocidade dos infláveis para explosão de saltos e voo.
Kites do tipo Framed
Em conceito, são semelhantes às pipas de brinquedo, pois possuem apenas uma camada de tecido e armação em fibra (geralmente de carbono).
· Vantagens: São baratas e traccionam bem, mas menos que um foil.
· Desvantagens: Não são redecoláveis, podendo até afundar. As armações podem se quebrar com o impacto de quedas...ou matar alguém se acertar o alvo!
O Kitesurf, Kiteboarding ou mesmo Flysurf é um desporto aquático que utiliza um papagaio e uma prancha com uma estrutura de suporte para os pés. A pessoa, com o papagaio preso à cintura ou arnês, coloca-se em cima da prancha e, sobre a água, é impulsionada pelo vento que atinge o papagaio. Ao controlá-lo, através de uma barra, consegue-se escolher o trajecto e realizar saltos incríveis. O Kitesurf foi inventado em 1985 por dois irmãos franceses: Bruno e Dominique Legaignoux mas apenas atingiu alguma popularidade a meio da década de 1990.
Existem modalidades como Kite de tracção que engloba o skate,o buggy e sky. Para viajar com a energia do vento na neve existe o kitesnow que é uma variação do kitesurf, mas praticado na neve.
Já na terra sobre rodas temos o mountainboards (MTB), passando por patins em linha tradicionais, até patins de 2 rodas pneumáticas, característica que os converte em "PatinsTodoTerreno".
Também na terra o temos Kite buggy um veiculo de 3 rodas pulsionado por um papagaio de tracção. Este assemelha-se a um yatchin, o carro com vela, o kite buggy pode atingir os 110km. Este desporto foi inventado por Peter Lynn no fim dos anos 90 da Nova Zelândia. Este senhor é engenheiro e notável inventor na construção de papagaios gigantes. Tem o record do Guiness desde 1987, ocupando-se desde então do melhoramento de kites de tração. Em 1994, inventa um super ripstop. Em 1997, desenvolve o primeiro modelo hibrido que originou o kite surf.
Autor: Guy Arnaud da Cunha
7 de Março de 2007
Um comentário:
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